PANTANAL

segunda-feira, 15 de abril de 2013

FAUNA PANTANAL


          

Diferentemente da Mata Atlântica, o Pantanal possibilita fácil visualização de grande.
A alternância de longas estiagens e de grandes enchentes é o mecanismo regulador que exerce um perfeito controle sobre a atividade da maior parte dos abundantes seres vivos que habitam o Pantanal, que possui a maior concentração de fauna das Américas tanto quanto às formas, como ao número de indivíduos.
As aves especialmente as aquáticas, são as mais adaptadas às condições ambientais da região do Pantanal. Devido a sua grande facilidade de deslocamento podem aproveitar ao máximo os ciclos de "enchentes" e "vazantes". As variações climáticas e hidrológicas do Pantanal determinam o comportamento alimentar e reprodutivo, não apenas das aves, como de toda a fauna. Os fatores que condicionam o período de reprodução são principalmente a disponibilidade de recursos alimentares e de sítios de nidificação.
No período de "vazante", quando as águas voltam aos leitos dos rios, ocorre a saída do peixe jovem, dos campos para os rios. Como nem todo peixe consegue sair, formam-se concentrações dos mesmos nos remanescentes corpos d'água pouco profundos. Neste período se dá a chegada das aves aquáticas. A grande quantidade de peixe em águas rasas, fáceis de capturar, garante a fonte protéica necessária ao desenvolvimento do ciclo reprodutivo. A vegetação alta da margem das lagoas oferece local apropriado para nidificação. Estabelecem-se então os chamados "viveiros" ou "ninhais" compostos por cabeça-secas Mycteria americana, garças brancas Casmerodius albus e Egretta
thula, colhereiros Ajaia ajaja, maguaris Ardea cocoi, socozinhos Butorides striatus. Estes viveiros, entretanto, não são constituídos exclusivamente por aves, mas também por outros organismos, presas e predadores como o caracará Pblyborus plancus, o urubu-comum Coragyps atratus,o bugio Alouatta caraya, o macaco-prego Cebus apella e a cobra sucuri Eunectes noctaeus., dentre outros.
Quando o rio Paraguai transborda e inicia a "enchente" da grande planície pantaneira a fauna não migratória procura as terras altas como refúgio, os peixes entram nos campos inundados, nos chamados corixos e baías à procura de alimento e lugares apropriados para desovar. As aves migratórias abandonam a região.
O Pantanal é um paraíso para os ornitologistas e para os observadores de pássaros. Ver e fotografar belas aves aquáticas e paludícolas não é difícil nesta região. Desde a maior cegonha do mundo, símbolo do Pantanal, o tuiuiú ou jaburu Jabiru mycteria cuja figura sonolenta, descansando sobre somente uma perna, faz parte integrante da paisagem pantaneira, até às pequenas jaçanãs Jacana jacana que não param de mover-se sobre plantas aquáticas capturando insetos, e aos milhares de garças Casmerodius, Egretta, Pilherodius, colhereiros Ajaia ajaja, martins-pescadores Ceryle, Chloroceryle, cabeças-secas Mycteria americana, patos Cairina e marrecas Dendrocygna. Ao lado destas aves aquáticas, numerosos gaviões Polyborus, Busarellus, Rosthramus, papagaios Amazona, arara-azul Anodorhynchus, araras e maracanãs Ara, tucanos Ramphastos e um sem número de passeriformes, como o joão-pinto Icterus, o verão Pyrocephalus, japu Psarocolius, o cardeal e o galo de campina Paroaria que enchem de sons e cores as terras pantaneiras.
Nas áreas de cerrado e campinas encontramos a ema Rhea americana, maior ave do continente americano, parente próximo da avestruz, que, impossibilitada de voar, desloca-se andando ou correndo. Também observamos a seriema Cariama cristata que apesar de poder voar, prefere correr sempre que pode. Aliás, a própria morfologia dessas duas grandes aves bem demonstra o pendor pela corrida, possuindo corpo esguio e pernas compridas.
Ocupando as densas matas de galeria que se estendem na beira dos rios, encontramos o maior mamífero do Brasil, a anta Tapirus terrestris. Vivem também nas proximidades dos rios, dois roedores; a paca Agouti paca, com hábitos noturnos, e a cutia Dasyprocta aguti, com hábitos diurnos e por isso mesmo mais freqüentemente observada. O quati ou coati Nasua nasua anda em bandos; habita diferentes comunidades e possui dieta extremamente variada.
Sobre as árvores das matas de galeria vivem pequenas comunidades de macaco-prego Cebus apella que tem esse nome porque o macho possui pênis longo e delgado parecendo um prego. Outro símio encontradiço no Pantanal é o bugio ou guariba Alouatta caraya que freqüenta o topo das árvores mais altas. É corpulento, pesando mais de 8 quilos e o macho mais velho, o "capelão", lidera um bando de uma dezena de indivíduos. Todas as manhãs, os bugios demarcam seus domínios emitindo sons como se estivessem soprando em garrafas vazias. O bugio é caracterizado anatomicamente pelo grande desenvolvimento do osso hióide, que funciona como uma caixa de ressonância, propiciando que seu ronco de baixos profundos ecoe a grandes distâncias.
Entre os felinos encontramos a jaguatirica Felis pardalis, a suçuarana ou onça-parda Felis concolor e o magnífico jaguar ou onça-pintada Panthera onca, outrora abundante, atualmente ameaçada de extinção, vítima de muitos anos de perseguição por caçadores. Alguns fazendeiros ainda abatem os derradeiros espécimes de jaguar-canguçu, argumentando que o imponente felino ataca o gado.
Os varrões, campos encharcados cuja característica é a palmeira buriti Mauritia flexuosa, são, por excelência, o habitat do cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus, o maior e mais belo cervídio da América do Sul. Apesar de protegido, por estar a muito tempo relacionado entre as espécies ameaçadas de extinção, a população do cervo tem se reduzido a cada ano, pois têm sido vítimas de enfermidades transmitidas pelo gado bovino, como a brucelose e a febre aftosa.
Outra espécie muito abundante e típica na região é a capivara Hydrochoerus hydrochaeris, o maior roedor do mundo. Vivem em grupos de 10 a 20 membros e alimentam-se de gramíneas e plantas aquáticas. Com seus pés palmados, nadam bem e, para escapar aos predadores, permanecem submersas até 10 minutos. São perseguidas pelos fazendeiros por destruírem as roças e consideradas portadoras e transmissores do "mal das cadeiras" causado pelo Tripanossoma equinum, doença que ataca os cavalos.
Os jacarés Caiman yacare são abundantes. Praticamente não existe lago, baía ou banhado, sem jacaré; as cavas ao longo das rodovias estão repletas deles e nas margens dos rios, os vemos correndo e mergulhando rápido, quando nos aproximamos com o barco. É freqüente atravessarem as estradas onde algumas vezes são atropelados. À noite pelo reflexo da luz de uma lanterna ou farol, os olhos dos jacarés salpicam as lagoas com centenas de pontos luminosos de cor vermelha.
Apesar da maioria dos fazendeiros respeitar o jacaré, pelo fato dele ser o predador natural da piranhas, milhares ou milhões destes sáurios eram abatidos anualmente por caçadores clandestinos conhecidos por "coureiros". As peles eram contrabandeadas através do Paraguai e Bolívia. Embora esta atividade tenha diminuído nos últimos anos, a vastidão da área, a fiscalização precária e a sólida organização dos caçadores e comerciantes ilegais, torna difícil coibir a ação das quadrilhas. Todavia, esse tipo de depredação diminuiu significamente, pois existem fazendas que estão criando em cativeiro e o mercado exterior prefere o os jacarés de cativeiro, pois a qualidade de suas peles são superiores aos dos selvagens.
É riquíssima a fauna icitiológica dos rios do Pantanal, que estão incluídos entre os mais piscosos do mundo e onde já foram identificadas 263 espécies de peixes.
Entre os caracídeos, peixes de escamas, que possuem orientação visual e têm hábitos diurnos destaca-se o dourado Salminus maxillosus que pode chegar a 30 quilos e é considerado pelos pescadores esportivos como o "rei do rio" devido à valentia que exibe ao ser fisgado, procurando, com grandes saltos fora d'água desvencilhar-se do anzol. Abundantes, são o pacu Piaractus mesopotamicus e o pacupeva Mylossoma orbignyanum, peixes com forma arredondada, que gostam de comer os frutos silvestres das figueiras, ingazeiros ou gameleiras existentes às margens dos rios. Sua carne é muito apreciada pelos pantaneiros. Encontramos ainda, com escamas, a piraputanga Brycon hilarii, a curimbatá Prochilodus lineatus, o piau, a piava e o piavuçu Leporinius spp., e o lambari gêneros Astinanax e Tetragonopterus entre muitos outros. Há alguns anos foi introduzido no Pantanal norte, um peixe originário da bacia amazônica e que não havia no Pantanal, o tucunaré, belo e valente como o dourado, e por isso, muito apreciado pelos aficionados da pesca esportiva.
Numerosas são as narrativas de naturalistas, pescadores e pantaneiros, relatando acidentes provocados pela piranha, terríveis peixes carnívoros que apresentam ferocidade e voracidade incomuns, com o trabalho sangrento de seus dentes que parecem tenazes e navalhas ao mesmo tempo. Os rios alagados, baías e corixos do Pantanal estão infestados de piranhas, que também são caracídeos e se assemelham aos pacus. Dizem que o caldo de piranha, prato típico da cozinha pantaneira, é afrodisíaco. As espécies mais comuns são a piranha-preta ou piranha-vermelha Pygocentrus piraya que pode atingir 35 cm e na verdade é uma piranha amarela que muda de cor e a piranha-branca Serrassalmus brandti.
Entre os siluriformes, estão as verdadeiras majestades aquáticas do Pantanal. São os chamados peixes de couro, que não possuem escamas e geralmente ostentam barbilhões junto à boca. Têm hábitos noturnos e se orientam principalmente através do olfato e do gosto. Destaca-se o jaú Pauliceia luetkeni que pode pesar mais de 100 quilos e o pintado ou surubim-pintado Pseudoplatistoma coruscans, que possui carne saborosa e pode atingir, em geral, até 25 quilos. Semelhante ao pintado, porém apresentando o corpo com estrias negras em vez de pintas, o cachara ou surubim-cachara Pseudoplatistoma fasciatuin. Ainda entre os siluriformes: o barbado Pinirampus pirinampus, o jurupensen Sorubim lima, o jurupoca Hemísorubim platyrhynchos, o palmito Ageneiosus brevifilis, o lindo bagre ou mandi amarelo Pimelodus clarias e o cascudo Liposarcus anisitsi, com o corpo recoberto de placas ósseas.
De particular interesse são as pirambóias Lepidosiren paradoxa, peixes pulmonados, considerados fósseis vivos, dos quais só existem quatro espécies no mundo, uma na América do Sul. Merecem destaque ainda alguns pequenos peixes apreciados por aquariofilistas como o mato-grosso Hyphessobrycon eques e o tetra-negro Gynmnocorymbus ternetzi.
Na estação chuvosa, as espécies mais procuradas deixam os rios e vão para as áreas inundadas, onde há muito alimento. No final de abril, quando as chuvas se tornam menos freqüentes e as águas começam a baixar, voltam aos rios novamente, sinal evidente de que as chuvas terminaram. Inexplicavelmente, pois a desova só vai ocorrer meses mais tarde, diversas espécies de peixes, reunindo-se em vastos cardumes começam de novo a nadar rio acima. Os cardumes são tão extensos, densos e dramáticos que podem ser ouvidos chapinhando a grandes distâncias. O fenômeno é conhecido no Pantanal como lufada, pois quando aparece um cardume na curva do rio, a água aparece açoitada por um temporal. A superfície fica fervilhando de peixes e milhares de lambaris, curimbatás, piavas, piavuçus, dourados, peixes-cachorros e piraputangas saltam nas águas, irradiando um brilho de ouro e prata nas rápidas trajetórias pelo ar. Não confundir com a piracema, que ocorre na época da reprodução (novembro a fevereiro) quando cardumes sobem os rios, transpondo as corredeiras aos saltos, para desovarem nas águas calmas das cabeceiras.
Na estação das secas os fazendeiros locais costumam atear fogo nas pastagens ressecadas. Quando eclodem as chuvas, as cinzas depositadas sobre a terra são arrastadas para os rios. Essa mistura de cinza e terra é muito rica em soda cáustica e acaba por envenenar cardumes inteiros de peixes em questão de horas. A este fenômeno o pantaneiro dá o nome de Dequada.
A exploração racional do esporte da pesca, no Pantanal, representa uma significativa fonte de renda, através do turismo. A pesca esportiva realizada com o caniço e anzol está regulamentada pelas autoridades federais e não representa maiores perigos para a fauna ictiológica do Pantanal, sendo até útil no sentido de promover uma espécie de desbaste dos cardumes, retirando os peixes de grande porte e oferecendo aos menores maiores possibilidades de crescimento. O mesmo não se pode dizer da pesca predatória onde inescrupulosos pescadores profissionais, sem obedecer a períodos de produção e tamanho mínimo dos peixes e utilizando equipamentos proibidos como espinhéis, redes, tarrafas e até explosivos, retiram diariamente dos rios pantaneiros muitas toneladas de peixes. A diminuição sensível dos peixes, principalmente do dourado, já se faz sentir, em muitos pesqueiros outrora famosos pela sua piscosidade, como os do rio Taquari.
Algumas espécies estão na lista de extinção como a ariranha, a arara azul e o jabuti do cerrado e outras são raras. Entretanto algumas como a capivara e o jacaré possuem uma grande população. Estudos realizados pela Embrapa Pantanal indicam que existem no mínimo três milhões e meio de jacarés adultos na região.
Para as espécies sobreviventes na região é necessário, segundo estudos da Embrapa, que se criem áreas de proteção, principalmente nas encostas dos morros que são praticamente inapropriadas a plantios, pois quase não há solo e apresenta camadas de rochas ou são muito pedregosas. O crescente desmatamento e assentamento de famílias em áreas impróprias estão contribuindo para a perda de habitats. A caça também é outro fator na diminuição e no desaparecimento de espécies como a onça pintada e o lobo guará. A redução das áreas de florestas é fundamental na eliminação de espécies. Os córregos possuíam pequenas matas ciliares, porém em sua maioria foram retiradas para facilitar que o gado beba água, isso provocou assoreamento desses cursos d'água diminuindo sua vazão. Segundo a Embrapa deve-se recuperar e manter a vegetação ciliar para melhorar a qualidade dos habitats e aumentar a umidade do ar.
Fonte: Apostila "Guia de Bordo Pantanal" IFMT -Cuiabá Curso de Guia de Turismo 2011

quarta-feira, 3 de abril de 2013

TIPO DE FLORA DO PANTANAL -



Acuri (Attalea phalerata)
O acuri é uma palmeira que atinge oito m. de altura, sendo o tronco geralmente coberto por bases velhas de pecíolos; nas bainhas das folhas instalam-se outras espécies vegetais como a figueira-mata-pau, que cresce envolvendo a palmeira e acaba por matá-la depois de alguns anos. Os acuris concentram-se em áreas denominadas acurizais. No pantanal, essas palmeiras crescem nas áreas altas e mais secas dos capões e matas de cordilheiras. Os frutos oblongos crescem em cachos e, quando maduros, ficam amarelos. Servem de alimento para animais silvestres, como cutias, catetos, queixadas, e também para o gado, muitos dos quais atuam como dispersores das sementes. Ocorre de preferência  em solos argilosos  e é considerada boa indicadora de solos férteis.
Curiosidades:
·           As castanhas que se encontram no interior dos frutos do acuri são o principal alimento da araraúna e da arara-azul. Representam mais de 90% da sua dieta e são as únicas aves capazes de abrir esse fruto usando o bico.
·           As folhas são usadas para a cobertura de habitações humanas.
·           O palmito, que pode ser extraído do seu tronco, é muito saboroso, ótimo para a confecção de tortas e pastelões.




Aguapé (Eichhornia crassipes)
O aguapé é uma planta aquática flutuante, com pecíolos esponjosos, dilatados ou alongados; folhas largas e arredondadas, com superfície lisa e brilhante. As raízes formam um tufo denso e ramificado, submerso, que serve para desova de peixes e abrigo a inúmeros animais aquáticos. Flores em cacho, azul-claro arroxeadas com pequena mancha amarela. O aguapé é  uma planta invasora que rapidamente toma conta de lagos, podendo ocupara toada a superfície da água. A reprodução é feita por meio de sementes ou estolões, os quais produzem novas mudas ao redor da planta principal. É planta ornamental em aquários.
Curiosidades:
·           O aguapé pode ser utilizado na recuperação de rios e lagos poluídos, pois suas raízes formam um conjunto denso que retém partículas finas em suspensão.
·           No pantanal, muitas vezes, o aguapé toma conta de pequenos corixos e vazantes, cobrindo toda a superfície e impedindo a navegação.
·           Os caramujos aquáticos, aruás, passam suas vidas presos às raízes flutuantes dos aguapés e, de tempo em tempo, alcançam a superfície para respirar.




Aguapé-de-cordão (Eichhornia azurea)
O nome aguapé-de-cordão refere-se à sua forma de desenvolvimento, no início, enraizado no fundo e, depois, continuado em longo caule flutuante, que pode atingir até dois metros de comprimento. As folhas emersas são arredondadas e o pecíolo é longo e esponjoso, permitindo a flutuação da planta. Tem flores em cachos; são arroxeado-claras a quase brancas, com o centro escuro. A reprodução é por meio  de sementes ou rizomas. Desenvolve-se bem em áreas pantanosas e lagos, podendo cobrir toda a superfície da água.
Curiosidades:
·           No Pantanal, pode-se encontrar em uma mesma lagoa duas espécies de aguapés.
·           Os caramujos aquáticos, aruás, passam suas vidas presos às raízes flutuantes dos aguapés e, de tempo em tempo, alcançam a superfície para respirar. Eles também utilizam os talos altos das folhas, ou as próprias folhas, para depositar seus ovos. São aglomerados com até 600 ovos.



Angico-branco (Anadenanthera colubrina)
O angico-branco é uma árvore que atinge de 12 a 15 metros de altura. O tronco chega a 50 cm de diâmetro. Gosta de solos arenosos ou argilosos, mas férteis. Sua madeira é dura e pesada, sendo muito utilizada para a confecção de postes, dormentes, peças torneadas, carrocerias e móveis. Os frutos são vagens longas e produz grande quantidade de sementes. Germinam com facilidade. Com quatro meses, as mudas já podem ser transplantadas no campo. Suas flores são melíferas.
Curiosidades:
·           O angico-branco tem vários usos medicinais: a casca é cicatrizante e contra hemorragias; o melado fervido e concentrado é usado contra a tosse e a bronquite; também baixa a pressão.
·           A casca e os frutos do angico-branco são ricos em tanino, podendo ser utilizada na indústria de curtumes.


Aroeira (Myracrodruon urundewa)
A aroeira é uma das árvores mais importantes da flora brasileira. Atinge de 20 a 25 metros de altura, em solos férteis, e diâmetro de 80 cm. Sua madeira, muito pesada e de grande resistência mecânica, é praticamente imputrescível. Normalmente, é utilizada para mourões, postes, esteios e para a construção de currais e pontes. A planta, no pasto, resiste ao fogo. Floresce nos meses de agosto e setembro.
Curiosidades:
·           Os frutos da aroeira são muito apreciados por periquitos e papagaios.
·           A casca é utilizada contra hemorragias das vias respiratórias e urinarias e tem comprovado efeito antiinflamatório e cicatrizante contra ulceras e alergia.
·           A aroeira é característica de terrenos secos e rochosos; ocorre em agrupamentos densos nas matas e cerradoes.





Buriti (Mauritia vinifera)
O buriti atinge 25 m. de altura, tendo o tronco com até 50 cm. de diâmetro. Ocorre em concentrações denominadas  buritizais, em áreas de brejo ou mesmo permanentemente inundadas. Os frutos, arredondados ou oblongos, são castanho-avermelhados com superfície lisa, de aspecto reticulado; são dispostos em grandes cachos com até três m. de comprimento. As folhas podem ser usadas para a cobertura de habitações humanas. Dos pecíolos das folhas é obtido material leve e macio, usado em artesanato. É bastante ornamental, podendo ser utilizado em arborização de parques e cidades..
Curiosidades:
·           Da polpa do fruto se extrai o vinho-de-buriti e também pode-se preparar um doce.
·           O fruto serve de alimento para araras-amarelas (Canindé) e roedores.
·           No Pantanal, os buritizais são mais comuns próximo a Barão de Melgaço (MT) e ao longo dos rios Negro.


Cambará (Vochysia divergens)
O cambará é uma árvore que atinge 18 m. de altura, dotada de copa frondosa e pouco densa. A madeira é leve, macia e fácil de trabalhar, própria para tabuas. Floresce nos meses de julho a setembro. Os frutos amadurecem nos meses de dezembro a janeiro e as flores amarelas recobrem toda a copa das árvores. É muito apreciada por beija-flores, abelhas e macacos, que a visitam em busca de néctar. As sementes de cambará são disseminadas pelo vento e pela água.
Curiosidades:
·           No Pantanal, os cambarás formam bosques chamados de cambarazais. Geralmente situados em matas  ciliares, capões e campos de inundação por rio , corixos ou vazantes.
·           O xarope da casca de cambará, com mel, é bom para tosse e gripe; o chá da folha é usado contra asma, gripe e apendicite; a seiva serve de colírio.
·           As flores do cambará são comidas por peixes.
·           Os pantaneiros usam a madeira do cambará para fazer canoas, cochos, varas de porteiras e ranchos.


 



Carandá (Copernicia alba)
O Carandá atinge 20 m. de altura e, no tronco, há vestígios dos pecíolos das folhas. Ocorre em áreas úmidas ou parcialmente alagadas, onde constitui formações características denominadas carandazais. Os frutos são alimento de muitas aves e, dessa forma, as sementes são dispersas. Das folhas também pode ser extraída a cera. O tronco do carandá tem madeira muito durável, mesmo dentro d’água; é freqüentemente utilizado para confecção de postes e mourões de cercas.
Curiosidades:
·           Os frutos do carandá servem de alimento para peixes e podem ser usados como isca para a pesca do pacu.
·           No Pantanal, os carandazais são mais comuns em Nabileque e ao redor das salinas da Nhecolândia. Na região de Poconé e Cáceres (MT) também é freqüente.
·           O palmito é comestível e a raiz é diurética.
·           Os índios kadiweu fazem artesanato usando essa palmeira.



Canafístula (Cassia grandis)
A canafístula tem ampla distribuição pelo Pantanal. Atinge 15 a 20 m. de altura, com tronco de 40 a 60 cm de diâmetro. Sua copa é larga. Floresce de julho a dezembro. As flores são rosas, quando novas, e laranja-salmão, quando velhas. Os frutos são vagens grandes, que podem pesar até 1 kg; ficam pendurados na árvore por vários meses. A madeira é dura e não muito durável; pode ser usada para moveis. Habita nas: matas de cordilheiras, ciliares e matas de carandás; cresce em solos argilosos.
Curiosidades:
·           No Pantanal, na região de Poconé, MT, a canafístula é comum. Cresce principalmente ao longo do rio Cuaibá.
·           A canafístula produz anualmente grande quantidade de sementes; um quilograma conte cerca de 1890 unidades.

 

Caraguatá (Bromelia balansae)
O caraguatá é uma planta terrestre, da mesma família do abacaxi, com folhas longas, rígidas e portadoras de fortes espinhos nas margens; atinge até dois metros de altura; na época de floração tem folhas centrais vermelhas; flores de pétala roxas, em inflorescência esbranquiçada. Ocupa áreas abertas, onde prolifera e forma barreiras quase impenetráveis para o homem e o gado. A fibra obtida das folhas presta-se para a confecção de bolsas, cintos e roupas. O fruto é comestível e tem propriedades medicinais contra enfermidades da garganta; é digestivo e pode atuar como vermífugo.
Curiosidades:
·           Do fruto pode-se preparar xarope contra a tosse.
·           O fruto, muito ácido, pode ser comido cru, cozido ou tostado. Era bastante utilizado como alimento pelos índios bororo.
·           Como cresce em volta dos capões e matas de cordilheiras, serve de refúgio para animais, como cutias, porcos e quatis. Também serve de esconderijo para ninhos de jacarés.




Jatobá-mirim (Hymenaea courbaril)
O jatobá-mirim é uma árvore que atinge de 15 a 20 metros de altura. O tronco pode ter quase 1 metro de diâmetro. Cresce em matas ciliares não alagáveis e prefere solos arenosos ou argilosos. Floresce nos meses de outubro a dezembro e os frutos amadurecem a partir de julho. A madeira é pesada, muito dura ao  corte e resistente ao ataque de cupins, aves e mamíferos se alimentam se seus frutos e são agentes dispersores de sementes.
Curiosidades:
·           Na língua guarani, jatobá que dizer folha dura.
·           O fruto do jatobá-mirim é comestível; tem consistência farinhenta e é rico em cálcio e magnésio.
·           A semente e a seiva são ótimos fortificantes. A resina extraída dos frutos é medicinal e também usada para verniz.


 


Jenipapo (Genipa americana)
O jenipapo é uma árvore muito conhecida por suas múltiplas aplicações. Atinge 12m de altura. Floresce nos meses de setembro a dezembro e produz frutos entre outubro e fevereiro. A planta gosta de terrenos úmidos e pode ser encontrada em matas primarias e nas formações secundarias. A madeira é flexível, fácil de trabalhar e de longa durabilidade, quando não exposta ao solo e à umidade. É usada para a confecção de remos, gamelas, colheres, cabos de ferramentas e esculturas.
Curiosidades:
·           Jenipapo, na língua tupi, quer dizer mancha escura. De fato, o liquido extraído da fruta verde, quase preto, é excelente para fixar tatuagens temporárias. Os índios o utilizavam para desenhar sobre o corpo. Os desenhos permanecem por vários dias ou até semanas, se forem reforçados.
·           O fruto é comestível; serve para se fazer sucos, doces e licores.
·           As propriedades medicinais são muitas: diurético, contra anemia, estomago, fígado, nervos e intestinos. A semente é usada contra diarréia e hemorragia; provoca vômitos.
É difícil encontrar frutos maduros na natureza, porque sempre na frente: tucanos, aracuãs, macacos e até peixes comem as sobras que caem. O fruto do jenipapo serve também como isca para a pesca de pacus.




Mandacaru (Cereus peruvianus)
O mandacaru é uma característica típica de regiões áridas Brasil. É um arbusto de dois a seis metros de altura. Floresce nos meses de setembro a abril. Sua flor é noturna e pouco perfumada, mas atrai morcegos e besouros. Os frutos amadurecem entre outubro e maio; são comestíveis e muito apreciados pelas aves que o disseminam. Habita bordas de clareiras no cerradão e matas; prefere solos arenosos e calcários.
Curiosidades:
·           No Chaco, é comum fazerem doce e xarope do fruto do mandacaru. Do caule, se pode fazer doce ou comê-lo cru.
·           O suco do mandacaru é estéril e pode ser utilizado para lavar feridas.
·           Nas morrarias calcárias típicas das periféricas ao Pantanal, o mandacru atinge porte de árvores, com até 16 m de altura.


 
Novateiro (Triplaris americana)
O novateiro é uma árvore de cinco a 15 m de altura . habita matas ciliares e capões alagáveis; cresce em solos argilosos . Floresce em agosto e setembro. Os frutos caem em setembro e outubro. Os pelos da flor causam muita coceira. Germinam em 20 dias e crescem muito rápido.
Curiosidades:
·           No interior dos ramos ocos do novateiro vivem formigas vermelhas, muito agressivas. Quando alguém toca a árvore, as formigas se alvoroçam e se jogam sobre a pessoa; o novato, não sabendo da existência delas, logo leva varia ferroadas, extremamente doloridas; equivalentes à picadas de abelhas e marimbondos.
·           Na Bolívia , o novateiro é chamado de “palo diablo”.
·           A casca do novateiro é um remédio contra hemorróidas e diarréia.



Paratudo ou Ipê-amarelo ( Tabebuia caraiba)
O ipê-amarelo é uma das árvores mais comuns do Brasil. Ocorre na Caatinga, no Cerrado e no Pantanal Mato-grossense. Atinge 20 m de altura e diâmetro de 40 cm. O tronco é tortuoso e revestido por casca grossa, que tolera bem o fogo. A madeira é  excelente, meio pesada, dura, mas flexível; pouco durável se for exposta à intempéries. Floresce durante os meses de agosto e setembro, com a árvore quase totalmente despida da folhagem.
Curiosidades:
·           O pantaneiro masca a casca no campo, ou põe na água, para problemas de estômago e fígado, amarelão, vermes, diabetes, febre, malária; a folha tostada substitui o mate.
·           No Pantanal, ocorre em formações chamadas paratudais; geralmente em terrenos alagáveis de solos argilosos.
·           As flores do Ipê-amarelo são comestíveis (amargas como alface); procuradas por aves como aracuãs, cujubis, papagaios; mamíferos como bugios, veados; o gado também come as flores e folhas.
 

Piúva ou Ipê-roxo (Tabebuia heptaphylla)
O ipê-roxo é uma árvore que atinge de 10 a 20 m de altura. O tronco pode chegar a 80 cm de diâmetro. É abundante em todo o Pantanal. Está associado a rios e vazantes. A madeira é dura, pesada, boa para pontes, currais e esteios. Difícil de trabalhar, não aceita prego. Própria para a construção externa. Resiste bem à intempérie. Floresce entre julho e setembro, com a planta totalmente despida de sua folhagem.
Curiosidades:
·           O ipê-roxo é vítima de raios por ser uma das maiores árvores  de campo aberto.
·           O fervido da entrecasca é indicado contra o câncer. O extrato da entrecasca dos ipês é depurativo, estomacal e bacteriana. O cerne contém lapachol, inibe tumores e alivia a dor.
·           As flores são comestíveis; serve de alimento para aves, como aracuãs, cujubis, papagaios; também os bugios se alimentam delas.
·           No Pantanal, a floração dos ipê-roxos constitui-se num dos grandes espetáculos anuais; mas é preciso estar atento ao fenômeno, pois dura apenas alguns dias.


Pequi (Caryocar brasiliense)
O pequi é uma árvore que atinge de 5 a 15 m de altura. Seu tronco é tortuoso, de 30 a 40 cm de diâmetro. Cresce no cerrado e cerradões, em solos arenosos.floresce nos meses de setembro a novembro; seu odor atrai morcegos que fazem a polinização. Os frutos amadurecem de novembro a fevereiro. A madeira tem filamentos que provocam coceira; é usada para xilografia, construção civil e naval; nas fazendas é usada para cochos e currais.
Curiosidades:
·           O fruto é comestível, cheiroso e utilizado para a produção de licores; também é muito conhecido o prato arroz-com-pequi. Mas é preciso cuidado com os espinhos do fruto.
·           Da polpa do fruto se extrai óleo para a culinária e, da amêndoa, um óleo perfumado para cosméticos.
·           O pequi é um excelente fortificante e equivale ao óleo de fígado de bacalhau.
·           O óleo de pequi também pode ser usado em massagens contra o reumatismo.





Vitória-régia (Victoria regia)
As folhas de vitória-régia podem atingir 1,2 m de diâmetro. O pecíolo que fixa a planta ao fundo prolonga-se por mais de cinco metros em alguns locais. No lado inferior das folhas flutuantes há uma rede de nervuras e compartimentos cheios de ar e recobertos de espinhos. As flores são perfumadas. No Pantanal, ocorre no Rio Paraguai, desde Cáceres até Corumbá, em áreas de remanso ou lagoas marginais.
Curiosidades:
·           Seu nome, Victoria, foi uma homenagem do descobridor Lindley à rainha Victoria, da Inglaterra.
·           Nos rios Paraná, Paraguai e afluentes, ocorre a variedade Victoria regia mattogrossensis.
·           Quando as lagoas onde as vitórias-régias vivem secam completamente, suas cápsulas de sementes ficam enterradas na lama até o retorno da água, no ano seguinte, para então, germinar.
·           O nome popular, forno-d’água, atribuído à vitória-régia, deve-se ao fato de as grandes folhas flutuantes se assemelharem aos tachos rasos usados para torrar farinha de mandioca.

Fonte: Apostila "Guia de Bordo do Pantanal" IFMT- Campos Cuiabá 2011