O Pantanal é uma planície de inundação periódica reconhecida nacional e internacionalmente pela exuberância de sua biodiversidade como uma das áreas úmidas de maior importância do globo. Faz parte da bacia do Alto rio Paraguai e é formada pelo rio Paraguai mesmo e, no Brasil, pelos seus tributários, principalmente os da margem esquerda. Os índios locais denominavam o Pantanal como mar dos Xaraés, a figura de um imenso lago cheio de ilhas, possivelmente associando essa imagem às grandes enchentes.
A bacia do rio Paraguai (com 1.095.000Km²) integra a bacia do Prata (com 3.100.000Km²) distribuída entre Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai (ANA, 2004). Também conforme dados da ANA (2004), a bacia do Alto Paraguai (aproximadamente 500.000Km²) é compartilhada por Brasil, Bolívia e Paraguai, sendo que grande parte dela está no Brasil (362.376Km²). A bacia tem duas partes distintas em geomorfologia, em abrangência de bioma e em biodiversidade, mas que se inter-relacionam particularmente no que tange o fluxo hídrico:
A parte mais alta, de planaltos, com 214.802Km² no Brasil, representando 59,28% da bacia;
A parte baixa, a planície de inundação que é o Pantanal, com 147.574Km² no Brasil, representando 40,72% da bacia, localizada na parte oeste do país (centro da América do Sul) nos estados de Mato Grosso do Sul (com 52% do território da bacia: 188.435Km²) e Mato Grosso (com 48% do território da bacia: 173.940Km²). A figura 1 mostra a localização do pantanal e o planalto do entorno (ANA, 2004; Alho, 2005).
Tabela 1. Áreas de países sul-americanos e estados brasileiros que compartilham território com a bacia do Alto Paraguai (ANA, 2004).
REGIÃO
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ÁREA (Km²)
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Bacia hidrográfica do rio Paraguai (Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai)
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1.095.000
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Bacia do Alto Paraguai no Brasil, Bolívia e Paraguai
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500.000
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Bacia do Alto Paraguai no Brasil (Mato Grosso e Mato grosso do Sul)
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362.376
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Bacia do Alto Paraguai no Mato Grosso
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173.940
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Bacia do Alto Paraguai no Mato Grosso do Sul
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188.435
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Planalto no Brasil (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
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214.802
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Pantanal no Brasil (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
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147.574
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Pantanal do Mato Grosso (35%)
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51.651
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Pantanal no Mato Grosso do Sul (65%)
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95.923
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As terras altas (montanhas, morros, chapadas e depressões), com altitudes que vão de 200 a 1.000 metros, compreendem os planaltos. As terras baixas que compreendem a planície aluvial do Pantanal têm altitudes próximas ao nível do mar, variando de 80 a 150. É importante reconhecer essas duas regiões (planalto e planície) para entender o sistema natural, particularmente no que tange ao fluxo hídrico.
O reconhecimento da importância do Pantanal está no Artigo 225 da Constituição Brasileira, promulgada em 1998, que o considera como patrimônio natural. Recebeu ainda o crédito da UNESCO (Programa das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) como Reserva da Biosfera, desde o ano 2000. Abriga sítio Ramsar, conferido pela Convenção Internacional de Áreas Úmidas, desde 1993. Em julho de 2004, a 7ª Conferência Internacional da INTECOL (International Wetlands Conference = Conferência Internacional sobre Áreas Úmidas), mantida pelas mais expressivas associações científicas da área, e manifestando a preocupação de pesquisadores, gestores ambientais, governo de mais de 80 países, organizações ambientalistas e outros, reunida na Universidade de Utrecht, Holanda, deliberou, em sua resolução final, pela indicação do Pantanal como área úmida de relevante importância, para merecer atenção especial pela sua importância global.
Geomorfologia: planalto e planície inundável
Sedimentos foram acumulados na depressão geográfica que é o Pantanal desde o período Quaternário. O período Quaternário faz parte da era Cenozóica, compreendendo as épocas geológicas do Pleistoceno (os últimos 2,5 milhões de anos) e a época Holoceno (os últimos 10 mil anos). O Pantanal é uma bacia sedimentar, um mosaico de aluviões de origem do Pleistoceno. Essa depressão que é o Pantanal periodicamente inunda e está circundada por terras altas – planaltos – que são morros, chapadas e montanhas com rochas do Cretáceo (período geológico de cerca de 65 milhões de anos passados), Jurássico (136 milhões de anos de idade), Carbonífero (280 milhões de anos de idade), Devoniano (345 milhões de anos de idade), Pré-Cambriano (500 milhões de anos passados), além de rochas basálticas intrusivas.
O relevo da bacia do Alto Paraguai é marcado pelo contraste entre a planície baixa (50-150 metros do nível do mar) que é o Pantanal, circundada por terras altas (200 a 1.000 metros acima do nível do mar) que são elevações do planalto. Essas elevações nem sempre são montanhas ou chapadas. Próxima à Chapada dos Guimarães, por exemplo, está a depressão de Cuiabá, onde fica a cidade de Cuiabá (PCBAP, 1997; ANA, 2004).
Os limites da bacia do Alto Paraguai incluem áreas de litologia do Pré-Cambriano que suportam dois pacotes de material rochoso com cobertura do Cretáceo e Terciário (entre 2,5 a 65 milhões de anos de idade). Essas elevações são conhecidas como Complexo Xingu e Complexo do rio Apa, representando o Complexo Cristalino do Brasil, cujos substratos se elevaram em épocas geológicas diferentes. Já a planície pantaneira é formada por depósitos orgânicos. Assim, o relevo da bacia do Alto Paraguai pode ser classificado em três unidades:
A planície que é o Pantanal;
As elevações residuais adjacentes e as depressões;
As elevações maiores (morros, montanhas, chapadas).
Por exemplo, na região do Taquari, nove unidades de relevo foram identificadas usando sensoriamento remoto com aplicação de mapa de mapeamento geomorfológico (Florenzano, 1998). Essas unidades foram agrupadas em três categorias, de acordo com suas estruturas geomorfológicas:
Escarpas;
Mesas, colinas e relevos residuais; e
Planícies (com áreas de alta, média e baixa umidade).
Há estruturas morfológicas diferentes que formam as terras altas que, por sua vez, são responsáveis pelos tipos de solos e, em conseqüência, pelas diferentes coberturas vegetais, variando desde cerrado aberto a florestas e, mais recentemente, a alterações pela ação do homem: agricultura, pecuária, mineração, etc. Essas estruturas são representadas pelos seguintes formações do planalto (PCBAP, 1997):
Ao norte: Planalto dos Parecis, Chapada dos Guimarães, e outras conhecidas como Província Serrana ou Serra de Cuiabá;
A leste: Taquari-Itiquira, Caiapônia, Maracaju-Campo Grande, Bodoquena e São Domingos;
A oeste: Urucum-Amolar e outras elevações;
Ao sul: Rio Apa (PCBAP 1997).
As nascentes dos planaltos alimentam bacias diferentes, de acordo com a direção das elevações. As águas das elevações do extremo norte da bacia do Alto Paraguai (Parecis e Cuiabá) drenam para a bacia Amazônica do lado extremo norte, e para a bacia do Alto araguai no declive que vem para o sul; as elevações do leste (Bodoquena, Maracaju e São Jerônimo) drenam pelo declive do leste para o Araguaia e Paraná, e, pelo declive do oeste, para a bacia do Alto Paraguai.
O planalto do entorno do Pantanal, formado por montanhas, mesas, colinas, chapadas, depressões e outras formas de elevações são (PCBAP, 1997):
Ao norte, na direção oeste-leste:
Chapada dos Parecis, com solos de latossolos vermelho-escuros, cobertos por Cerrado (savana arbórea e savana florestada), com altitude de 700m e a maior parte de sua extensão fora da bacia do Alto Paraguai. É área de recarga de aqüífero. Presença da Reserva Indígena dos Parecis.
Planalto do Jauru, com solos podzol vermelho-amarelo e litólicos, cobertos por floresta estacional semidecidual submontana e Cerrado (savana arbórea). Localizado no extremo norte do Pantanal, alcança 700m de altitude. Ocupado por pecuária bovina (engorda e leite) e policultura de grãos.
Residuais do Aguapeí ou Serra de Santa Bárbara. Com solos podzol vermelho-amarelo e litólicos com cobertura de Cerrado (Savana arbórea e savana florestada) e floresta estacional semidecidual submontana. São montanhas Pré-cambrianas alcançando de 500 a 900m de altitude, com presença de penhascos. Presença de endemismo de flora e fauna.
Depressão do Jauru, Com solos podzol vermelho-amarelo e vermelho-escuro cobertos por floresta estacional semidecidual submontana e Cerrado (savana arbórea), com altitude de 150 a 200m. Ocupado por pecuária e agricultura de subsistência.
Planalto do Rio Branco, com solos litólicos, areias quartzosas, solos podzol vermelho-amarelo e terra roxa, com cobertura de Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual submontana, platô com colinas, que conecta Parecis com os vales do Paraguai, Jauru e Rio Branco, com altitude média de 300m. Ocupado por mineração de ouro e pecuária bovina. É área de nascente, com espécies endêmicas.
Província Serrana, uma cadeia de montanhas extensa, com 400Km de comprimento e 40Km de largura, localizada acima da Depressão Cuiabana e se estende do sul-sudoeste para norte-noroeste. Solos litólicos e podzol vermelho-amarelo, cobertos por Cerrado para norte-noroeste. Solos litólicos e podzol vermelho-amarelo, cobertos por Cerrado (savana florestada e savana arbórea) e floresta estacional semidecidual. A Serra das Araras alcança 500 a 800m de altura e as depressões de 300 a 450m. Presença de mineração de calcário e indústria de cimento; atrativos para turismo.
Planalto de Tapirapuá e Tapirapuá-Tangará. Com solos podzol vermelho-amarelo, areias quatzosas, latossolos roxos e terras roxas cobertos por Cerrado (savana arbórea) e floresta estacional semidecidual submontana. Localizada perto de Parecis (450 a 500m) é cortado pelo rio Sepotuba. Garimpo de ouro e diamante e pecuária intensiva. Culturas de grãos. Atrativos turísticos na cachoeira e no “canyon” do Sepotuba.
Depressões Intermontanas e Depressão do Alto Paraguai, com solos de areias quartzosas, latosolos vermelho-amarelos e podzol vermelho-amarelo, floresta estacional semidecidual submontana e Cerrado, com altitude em torno de 200m, tocando a porção norte da Província Serrana. Presença da Reserva dos índios Barbados.
Depressão Cuiabana. Com solos concrecionários e podzol vermelho-amarelo, com cobertura de Cerrado (savana arbórea) e floresta estacional semidecidual. Começa na região de Poconé e Santo Antônio de Leverger, cruza a parte sul da cidade de Cuiabá, e prossegue para o norte até as nascentes dos rios Cuiabá e Manso. As altitudes variam de 150 a 450m, sendo mais elevadas ao norte. Essa região tem sido drasticamente erodida desde o período Cretáceo e tem uma superfície lisa. Pecuária extensiva, fruticultura, piscicultura, garimpo de ouro e de material para construção civil, com problemas de urbanização e poluição pela localização da cidade de Cuiabá/Várzea Grande.
Chapada dos Guimarães. É um platô de muita beleza cênica, parte da estrutura morfológica da bacia do Paraná. Os solos são latossolos vermelho-amarelos e vermelho-escuros argilosos, cobertos por Cerrado (savana florestada e arbórea), oriundos de processos erosivos recentes. A altitude atinge 850m, com enormes escarpas quase verticais. Ocupação por cultura de soja, milho, agricultura tecnologizada, cana-de-açúcar, pastagens cultivadas, avicultura, atividades agro-industriais ligadas ao leite, turismo e barragem no rio Manso, com reservatório para energia elétrica. Presença da Reserva dos Bororos.
Planalto do Casca. Com areais quartzosas, latossolos vermelho-amarelos, e solos concrecionais, cobertos por Cerrados (savana arbórea) e floresta estacional semidecidual. Similar à Chapada dos Guimarães, porém mais baixo (45 para 650m). Ocorrência de espécies endêmicas.
Arruda Mutum. Com solos podzol vermelho-amarelo e litólicos, cobertos por Cerrado (savana florestada), floresta estacional semidecidual. É um platô localizado perto da Depressão Cuiabana, a norte da cidade de Cuiabá e oeste da Chapada dos Guimarães. Altitudes variam de 400 a 500m, com a superfície bastante enrugada. Há atrativos de turismo.
A leste – na direção norte-sul:
Planalto dos Alcantilados. Com solos podzol vermelho-amarelo e litólicos e areias quartzosas, cobertos por Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual. Presença de colinas e escarpas, com altura em torno de 500m. Pecuária, garimpo de diamante e turismo. Presença de Reserva de Bororos.
Depressão de Rondonópolis. Com altitudes variando de 300 a 500m, localizada perto da nascente do rio São Lourenço. Cultura de soja e outros grãos e pecuária intensiva de corte. Reserva dos Bororos.
Chapada do Rio Correntes. Com solos de latossolos vermelho-escuros, areias quartzosas e latossolos vermelho-amarelos, coberto por Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual. Com 800m de altura de escarpas. Culturas de soja, milho, cana, plantação de seringueiras; pecuária; com usinas de açúcar e álcool e matadouros e frigoríficos, laticínios e cerâmicas.
Depressão do São Jerônimo-Aquidauana. Vai do norte para o sul, circundando o Pantanal. Pecuária e grãos, com altitude em torno de 250m. Presença da Reserva dos Bororos.
Planalto do Taquari.Com solos litólicos, podzol vermelho-amarelo e areias quartzosas, com cobertura de Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual, com altitudes de 400-500m. Localizado no canto leste do Pantanal. Presença de pecuária e grãos.
Chapada das Emas. Com solos latossolos vermelho-escuros, glei pouco húmico e plintossolos e latossolos vermelho-amarelos plínticos, com cobertura de Cerrado (florestada) e floresta estacional semidecidual. Alcançando 800m, com escarpas, onde parte do alto rio Taquari está localizada. Soja, agricultura mecanizada e pecuária.
Chapada de São Gabriel-Coxim-Campo Grande. Com latossolos vermelho-escuros e areias quartzosas, cobertos por Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual. Altitudes indo além de 700m. Soja, milho, agricultura mecanizada, suinocultura, avicultura. Área com urbanização.
Ao sul – na direção leste-oeste:
Planalto de Maracaju-Campo Grande. Com latossolo-roxo e vermelho-escuro, podzólicos vermelho-amarelos e areias quartzosas, com Cerrado (savana florestada) e floresta estacional semidecidual. Altitudes variando de 300 a 600m, com colinas e superfícies enrugadas. Pecuária, fruticultura, piscicultura e agroindústrias, Turismo. Pesca profissional.
Depressão do Miranda. Com solos podzol vermelho-amarelo e vermelho-escuro, plintossolos e glei cobertos por Cerrado (savana arborizada e florestada). Situada no lado leste do Planalto da Botoquena e ao oeste do complexo do rio Apa. É um vale aberto pelo rio Miranda. Mineração de calcário e argila, agroindústria, pecuária extensiva e turismo pesqueiro. Presença da Reserva dos Terenos.
Planalto da Bodoquena. Com solos podzol vermelho-escuro e bruzines avermelhados, cobertos por floresta estacional semidecidual submontana e Cerrado (savana florestada). É um conjunto de montanhas orientado no sentido norte-sul, com altitudes de 400 a 650m. Superfície intensamente enrugada com rochas calcárias e cavernas. Área de recarga de aqüífero, agricultura, mineração de calcário, turismo.
Planalto de Bonito. Terras altas situadas entre o |Planalto da Bodoquena e a Depressão do Miranda, com presença de rochas calcárias e cavernas, com altitude com cerca de 500m. Agricultura, pecuária extensiva, extrativismo de mármore calcário e turismo.
Residuais do Amonguijá-Depressão do Apa. Com solos litólicos cobertos por Cerrado (savana florestada e savana estépica arborizada). É um conjunto de pequenas colinas com altura máxima de 350m, circundado de depressões entre colinas. Pecuária extensiva, extração de mármore, calcário e granito.
A oeste – direção norte-sul:
Residuais do Amolar. Com solos litólicos e podzol vermelho-amarelo, com cobertura de Cerrado e floresta estacional semidecidual submontana. Montanhas situadas ao norte da cidade de Corumbá, estabelecendo o limite com a Bolívia e conferindo forma ao vale do rio Paraguai. Turismo. Presença de índios com pinturas rupestres e sítios arqueológicos.
Morro do Urucum. Com solos litólicos, podzol e glei pouco húmico, cobertos por floresta estacional semidecidual submontana e florestas de terras baixas. É montanha perto da cidade de Corumbá, com altitudes variando de 300 a 1.000 metros. Há colinas isoladas, localizadas em áreas baixas. Extração de calcário, ferro e manganês. Pesca profissional e turismo.
As sub-regiões do Pantanal
Por ser uma área muito grande, recebendo influência de biomas distintos vizinhos, notadamente do Cerrado que contorna a região pelo norte e leste, do contato do planalto com a Amazônia ao norte e do Chaco no sudoeste, tais influências conduzem a diferenças climáticas, com períodos de chuvas próprios no norte e no sul da região e conseqüentes diferenças das características dos rios e seus respectivos fluxos hídricos. Há ainda diferenças de tipos de solos, no grau e no período de inundação, na qualidade da água, e todas essas diferenças influenciam também a formação das paisagens locais que por sua vez, constituem diferentes sub-regiões ou tipos de pantanais. A delimitação entre planície e planalto não é clara na zona de contrato, já que há evidentemente uma transição entre os dois. Em algumas regiões, como em Cáceres e Corumbá, porções das elevações se adentram pelo Pantanal.
Há classificações de acordo com diferentes autores: Adámoli (1982); Franco e Pinheiro (1982);Alvarenga et al.(1984); PCBAP (1997); e IBGE (www.ibge.gov.br). Essas classificações se baseiam em elementos tais como: tipos de relevo, drenagem, tipos de solos, tipos de cobertura vegetal, dentre outros.
Silva e Abdon (1998) delimitaram o Pantanal, no Brasil, na escala 1:250.000, em 11 sub-regiões. O critério usado para a delimitação foi relacionado ao regime de enchente, ao relevo, ao tipo de solo e ao tipo de vegetação. Dois elementos foram considerados os mais importantes para a classificação das sub-regiões: padrão de enchente e tipo de relevo.
Algumas sub-regiões estão sujeitas a regimes de enchente mais severos, que podem durar até seis meses por ano. Esse é o caso da sub-região de Cáceres (9% do Pantanal). Nas sub-regiões de Paiaguás (19,6% do Pantanal) e Nhecolândia (19,5% do Pantanal), o período de enchentes dura de três a quatro meses, com a presença de “baías”, como são designados os pequenos lagos permanentes ou temporários que enchem as depressões do terreno. A sub-região do Paraguai tem período de inundação mais longo, podendo durar até seis meses, também com “baías”. Na sub-região de Poconé, a enchente dura três a cinco meses, enquanto na sub-região de Barão de Melgaço dura de três a quatro meses.
Por causa da importância para a conservação da biodiversidade do Pantanal, uma outra classificação chamada avaliação ecorregional foi desenvolvida, integrando o valor da biota com as características físicas particularmente hidrológicas entre a região de planalto e planície (TNC, 2003). Esse procedimento busca classificar os ecossistemas aquáticos do Pantanal, tomando como base as microbacias, para identificar e localizar os alvos de conservação (espécies, comunidades ecológicas e ecossistemas). Foram identificadas 41 áreas prioritárias para a conservação designadas pelas Ações Prioritárias para Conservação do Cerrado e Pantanal do Ministério do meio Ambiente.
Fonte: Projeto GEF Pantanal/Alto Paraguai (ANA/GEF/PNUMA/OEA) http://www.sescpantanal.com.br
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