PANTANAL

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MATO GROSSO E A LINHA DO TEMPO

A maioria dos historiadores não tem dúvida: o Tratado de Tordesilhas – assinado entre os reis de Portugal e Castela (atual Espanha), em junho  de 1494, definindo a partilha das terras recém-descobertas  no Novo Mundo – foi lesivo aos interesses da Coroa portuguesa.  Com a  assinatura  desse  documento, a maior parte do atual  território brasileiro passou naquela ocasião a pertencer por direito aos espanhóis, e  a totalidade do Estado de Mato Grosso, como hoje o conhecemos, encontrava-se dentro dessa área sob o domínio  dos reis de Castela.
A linha de Tordesilhas, no entanto, desde os primórdios da colonização da América, jamais foi empecilho para que os portugueses adentrassem o interior do continente, expandindo seus domínios.
E no que se refere ao território mato-grossense, distante mais de 500 léguas do litoral Atlântico, isso ficou claro logo em 1525, apenas um quarto de século após a chegada de Cabral à costa nordestina, quando o também português Pedro Aleixo Garcia atravessou os rios Paraná e Paraguai, avançando até o atual território boliviano em busca de riquezas minerais.
Desde então, inúmeras outras expedições eram realizadas tanto por bandeirantes paulistas – em suas missões de preação de indígenas ocorridas  partir da primeira metade do século 17 – quando por exploradores e jesuítas espanhóis.
Os Bandeirantes foi a expedição liderada por Pascal Moreira Cabral Leme que, em 1719, ao atingir as margens dos rios Coxipó e Cuiabá, descobriu valiosas jazidas de ouro.  A notícia espalhou-se rapidamente e logo se deu uma corrida de aventureiros à região.  Assim, em 8 de abril do ano seguinte, era fundado o arraial de Cuiabá, e Pascoal Moreira aclamado autoridade máxima na localidade.  O arraial vê crescer rapidamente sua importância e, em 1726, com a chegada à localidade do capitão-geral Rodrigo César de Menezes, da Capitania de São Paulo, à qual a região de Mato Grosso era subordinada, é elevado à categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá.
O esgotamento de ouro na região, a fiscalização excessiva, a implantação de pesadas taxas de impostos, os constantes ataques dos índios e a proliferação de doenças fazem com que os mineradores  decidam paulatinamente abandonar a região e partir rumo à Serra dos Parecis à procura de novas jazidas.  Com isso, outros arraiais vão surgindo ao norte e, pouco tempo depois, por volta de 1740, estabelece-se pela primeira vez ligação daquelas terras com a bacia amazônica, ao descerem o rio Guaporé e via Mamoré e Madeira alcançarem o rio Amazonas e, em seguida, a cidade de Belém.
A intensificação do povoamento das terras mato-grossenses, a descoberta de novas minas auríferas e a constante ameaça de ocupação espanhola da região levam D,João V, rei de Portugal, a criar em maio de 1748 a capitania de Cuiabá, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade, instituindo também incentivos, privilégios e isenções para todos os que se dispusessem a fixar residência na colônia do Mato Grosso, o que, de sobra, ajudaria a conter os vizinhos espanhóis.
Em janeiro de 1750, D.João V e o soberano espanhol, Fernando VI, assinaram na capital do reino da Espanha o Tratado de Madri que revisava o de Tordesilhas.
Não obstante a assinatura desse tratado, no entanto, em 1761, intensificaram-se as disputas entre portugueses e espanhóis pela posse daquelas terras e pela definição da linha de fronteira.  Em 1766, porém, os portugueses conseguiram expulsar para o oeste os castelhanos e as missões jesuítas  espanholas.
Pouco depois, em 1776, os portugueses iniciaram a construção, à margem do rio Guaporé, do Real Forte Príncipe da Beira, uma enorme fortificação concluída em 1783; mais ao sul, ergueram o presídio de Nova Coimbra, na barranca do rio Paraguai.
O Tratado de Madri seria, contudo, anulado pelo Tratado de El Pardo (1761) e, mais tarde (1777), retomado, revisado e aperfeiçoado pelo Tratado de Santo Ildefonso.  Em linhas gerais, este tratado reconhecia as conquistas bandeirantes na região do Mato Grosso e acrescentava à colônia portuguesa algo em torno de 5.600.000 km² de território, dando ao Brasil uma configuração próxima da atual.
O início do século 19 trouxe consigo novas desavenças com os espanhóis. 
Em setembro de 1801, sob o comando de D. Lázaro de Ribeira, governador de Assunção, 800 homens atacaram o Forte Coimbra, na barranca do  rio Paraguai, em Corumbá (hoje no Mato Grosso do Sul).  O ataque foi rechaçado pelo tenente-coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, à frente de apenas 100 combatentes.  Firmada novamente a paz, a Capitania consolidou de certa forma sua fronteira, mas entrou num período de declínio.
Na esteira da crise econômica, veio também a política.  Assim, em 1821, com a deposição do capitão-general da Província, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, Vila Bela da Santíssima Trindade organizou outra Junta  Governativa, estabelecendo um governo paralelo ao instalado em Cuiabá, leal ao príncipe D. Pedro, cuja regência iniciara naquele ano.  Mato Grosso passou a ter, então, dualidade de poderes.
A situação persistiu até 1823, quando, depois da Independência do Brasil, um governo provisório substituiu as duas juntas, o que impediu que a crise política na região se agravasse.
Nesse clima pouco alvissareiro, as hospitalidades com o vizinho Paraguai se exacerbaram, até que em 1864 o navio brasileiro Marquês de Olinda, que subia o rio Paraguai, transportando o coronel Frederico Carneiro de Campos a caminho de seu novo posto de presidente provincial, foi atacado e aprisionado por uma belonave daquele país.
Este evento desencadeou a Guerra do Paraguai, envolvendo no conflito o Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai.
Guerra do Paraguai
A prisão do coronel Frederico Carneiro de Campos deu início à sanguinária guerra que envolveu, de um lado, o Brasil, a Argentina e o Uruguai e, de  outro, o Paraguai.  O conflito estendeu-se de 1864 a 1870 e ceifou entre 150 mil e 200 mil vidas (há quem fale em 300 mil mortes).
A Guerra do Paraguai, segundo os historiadores, marcou a formação do Exército brasileiro – destacando-se  naquele com conflito a figura do Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias – e o apogeu e decadência  da monarquia brasileira.
No início do período republicano, o agora Estado de Mato Grosso continuava praticamente inacessível aos brasileiros.  Sua população não ultrapassava a casa dos 80 mil habitantes, não havia estradas de ferro, e o acesso terrestre era extremamente dificultoso.  Uma viagem de navio do Rio de Janeiro até a região mato-grossense demorava cerca de 30 dias e passava por três países vizinhos.
Com seu território de enormes proporções, Mato Grosso vê crescerem  as disputas entre as regiões norte e sul.
Por isso, em 1917, o governo Federal decide intervir, entregando a administração local ao bispo D. Francisco de Aquino Correio, que fez um governo conciliador, mas que não conseguiu sanar os crescentes e graves problemas financeiros do Estado.
Desenvolvimento
Foi somente com a implantação de redes telegráficas na região, uma façanha realizada pelo mato-grossense Cândido Rondon Mariano da Silva Rondon (1865-1958), o Marechal Rondon , e também com a implantação da navegação a vapor pelo Rio Paraguai, em 1872, ea abertura de algumas estradas em meio à mata que esse ostracismo do Estado começo a ser  rompido.  A chegada de criadores de gado, seringueiros e plantadores de erva mate muda  aos poucos o perfil de região, melhorando a economia local e incrementando a ocupação das terras e o surgimento de novas cidades.
A aspiração de independência dos moradores do sul de Mato Grosso veio concretizar-se em 1977, quando o governo federal, por meio de uma lei complementar, desmembrou 357.139,91 Km² do Estado para criar o Mato Grosso do Sul, medida que passou a vigorar em janeiro de 1979.
Desde então, o crescimento de Mato Grosso efetivou-se de maneira acentuada.  Com o incentivo oficial aos grandes projetos agropecuários e de extrativismo, e os pesados investimentos em infra-estrutura, estradas e hidrelégicas, o Estado viu crescer sua população de forma surpreendente: entre 1940 e 1970, sua população passou de 430 mil para 1.600 mil habitantes, grande parte deles vinda do Sul do País.
ECONOMIA E NEGÓCIOS
O agronegócio tem sido responsável por sucessivos recordes na produção de grãos e pelo crescimento da economia estadual em níveis acima da média nacional.  Em 2011, por exemplo, o Estado produziu 2,61 milhões de toneladas de soja e 4,4 milhões de toneladas de milho. Além da agricultura, pecuária e extração  de madeira, a economia do Estado está se fortalecendo por meio da atividade turística.  Com a política de regionalização implantada, hoje sua macro-estrutura  turística está organizada em quatro polos e 15 regiões turísticas, gerais pelo Fórum Estadual de Turismo – representante oficial do trade Estadual de  Turístico, conselhos regionais e comitês gestores.
(Fonte: Guia Turístico Brasil Mato Grosso – Ecológico, histórico e cultural – Empresas de Artes de Turismo do Brasil – 2007)






           


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